Primeiras impressões: Ford New Fiesta Sedan 2014 Powershift
Modelo volta às lojas, agora reestilizado e sem tanquinho de gasolina.
Conjunto é acertado; porta-malas menor é principal desvantagem.
"Tem menos porta-mala que o
Honda City,
mas esse é o nosso posicionamento", diz Oswaldo Ramos, gerente de
marketing da Ford, sobre o principal concorrente visto pela marca para o
New Fiesta Sedan, que
acaba de voltar a ser vendido no Brasil.
O "posicionamento" a que Ramos se refere é o design do modelo, com
traseira mais curta e alta, lembrando um cupê, o que, segundo a
montadora, é proposital para diferenciá-lo do sedã "retão, feio e de
porta-malas enorme" que predomina na categoria. Daí a chamar para briga o
modelo japonês.
Se o City é um degrau antes do
Civic, a Ford vai além e define o New Fiesta como um "mini
Fusion",
modelo acima dos R$ 100 mil. Em termos de preço -alto- os rivais se
equivalem: o Fiesta começa em R$ 49,9 mil e o City, em R$ 50,9 mil.
Na apresentação do carro, Ramos destacou as vantagens da versão topo de
linha, Titanium Poweshift (com câmbio automatizado, a partir de R$ 58,9
mil), sobre o City LX automático (R$ 60,4 mil), intermediário,
apontando que o modelo Ford possui 7 airbags contra 2 do concorrente,
além de controle de estabilidade e de tração (de série), e assistente de
partida em rampa (idem).
A comparação chegou às medidas. Os dois agora têm o mesmo comprimento:
4,40 m. Mas o Fiesta reestilizado, apesar de minimamente mais curto que o
anterior (de 4,41 m), manteve a distância entre-eixos de 2.489
milímetros contra 2.550 mm do City, para ser preciso. A capacidade do
porta-malas, no entanto, é de 465 l contra os 506 l do rival.
A diferença de 14 litros parece pouca, mas as medidas importam -e
muito- para usuários de sedãs, ainda que compactos. A Ford aposta mais
no pacote recheado da versão top e no design de seu modelo, que insiste
em chamar de "premium". Para a versão de entrada, SE, os itens de série
são: direção elétrica, vidros elétricos, freio ABS, airbag duplo,
controle eletrônico de estabilidade e tração e assistente de partida em
rampa, ar-condicionado digital e sistema multimídia SYNC com comandos de
voz em português.
Ao volante
Nós experimentamos no lançamento a configuração mais
cara, Titanium, única disponibilizada. Além dos mencionados 7 airbags,
ela conta com bancos e volante em couro, rodas de liga leve de 16
polegadas, controle de velocidade, sensor de estacionamento traseiro,
sensor de chuva, acendimento automático dos faróis, espelho retrovisor
interno que escurece automaticamente, painel central com detalhes em
preto e grade dianteira cromada.
Serra de Campos do Jordão foi cenário para
lançamento do modelo
A jornada, na região montanhosa de Campos do Jordão (SP), foi de cerca
de 100 km, divididos entre 3 motoristas -ou seja, a cada um coube um
breve percurso, mesclando trechos urbanos e de serra.
O New Fiesta manteve o motor 1.6 Sigma, mas ele agora tem duplo comando
de válvulas variável, que resultou em ganho de potência (130 cavalos
com álcool, 125 cv com gasolina; antes eram 115 cv e 110 cv,
respectivamente). O "adeus" ao tanquinho também é um alívio -e outra
vantagem sobre o City que promete ser breve, já que a Honda
implantou neste ano a tecnologia no Civic.
O carro avaliado era equipado com câmbio Powershift, que deverá ser a
configuração responsável pela maior parte das vendas, segundo Ramos.
Conjunto acertado, mas ruidoso
O conjunto, como um todo, se mostra bem acertado. A suspensão deixa o
carro firme mesmo em curvas mais fechadas, e não transfere muito as
irregularidades da pista para os ocupantes -apesar de que as estradas
testadas eram bem conservadas e, nos trechos em cidades, os obstáculos
eram somente lombadas.
O câmbio faz trocas de forma precisa, uma obrigação para esse tipo de
sistema. Nas retomadas, porém, o carro parece sofrer um pouco até ganhar
a velocidade desejada. E ronca forte: nessas horas o som vaza bastante
para dentro da cabine.
Desenho do painel, ainda moderno, foi mantido;
espaço traseiro é aceitável para dois (Divulgação)
A Ford diz que o consumo médio com o
Powershift, que deve ajudar na economia de combustível, é de 7,9 km/l,
na cidade, e 9,9 km/l, na rodovia, com álcool. A média no percurso
avaliado foi de 7,1 km/l, contando que, mesmo em estrada, havia lentidão
em certos trechos sem duplicação, pela presença de caminhões.
Interior
Voltando ao assunto medidas, o espaço interno é bom, mas a sensação
ainda é de que os concorrentes dessa categoria oferecem mais, sobretudo
no banco traseiro, onde o teto fica bem perto da cabeça mesmo de quem
tem altura mediana e os joelhos encostam nos bancos de frente. Nem
pensar em colocar 3 pessoas ali.
Porta-luvas é pequeno
Na versão top não foi encontrado,
por exemplo, o descanso de braço no centro do assento de trás que o City
oferece mesmo na configuração intermediária. E, se o porta-malas é o
menor entre os principais sedãs compactos, no porta-luvas cabe o manual e
quase nada mais.
O acabamento, para uma versão de quase R$ 60 mil, poderia ser melhor.
Os plásticos predominam, mas são agradáveis ao toque. Nada mudou no
desenho do painel central, que continua com linhas modernas e controles
bem intuitivos.
Conclusão
A Ford assume que o sedã não será um carro de grande volume de vendas como espera que o
New Fiesta
Hatch brasileiro, que parte de R$ 38,9 mil, seja. A projeção é de que a
versão continue com uma média de emplacamentos semelhante à da
anterior. Em 2011, foram vendidos 13 mil New Fiesta Sedan e, em 2012,
10,3 mil, segundo a Fenabrave.
Não faltam opções entre sedãs compactos, onde há ainda os já envelhecidos
Volkswagen Polo e
Peugeot 207.
Olhando rápido, parece ser apenas uma questão de optar entre o
"quadradão" e o "estiloso"... Mas justamente porque há tantas
alternativas é que vale avaliar o que pesa mais para o futuro dono:
design, pacote de equipamentos ou espaço. O New Fiesta faz bonito nos
dois primeiros itens, mas o duelo pretendido com o City, que se dá
melhor no quesito espaço, será bastante difícil. Bem aceito no mercado, o
modelo japonês vendeu 24,6 mil unidades em 2011 e 30,9 mil no ano
passado.
Quem domina atualmente o terreno dos sedãs compactos é o "retão"
Chevrolet Cobalt,
que deixou o City na vice-liderança, e já ganhou fama de novo
queridinho dos taxistas -que entendem tudo de espaço. O Chevrolet Sonic,
outro do time dos "estilosos", corre por fora.